Resenha do Livro "Dezessete Anos" de Paola Rhoden
por Jorge Xerxes
O romance “Dezessete Anos” de Paola Rhoden foi publicado em 2008 pela Scortecci Editora. “Dedico este livro a todas as pessoas que mesmo sem conseguir uma vitória completa, não deixam de lutar pelo que querem.”
A narrativa, em primeira pessoa, descreve acontecimentos marcantes na vida de Vanessa que decorrem a partir do dia de seu décimo sétimo aniversário. “Nada põe em risco a beleza do desabrochar da borboleta, que ao sair do casulo, encontra o caminho para controlar sua vida, e ter um futuro melhor. Mas, ah! Ser adulto não é fácil!”
Natural de uma pequena cidade da Bahia, a personagem principal é de família humilde e numerosa, dividindo o mesmo teto. “Carmem ensinava às crianças que para sobreviver em um mundo que despreza os valores verdadeiros, é necessário que homens e mulheres, os quais são as peças de formação deste planeta, olhem se o rastro que deixam marca, ou se perde nas ondas do vento. Precisam notar mais se a areia da maldade se transforma em pedras, que lançadas destroem lares e machucam almas, porque tudo o que se faz é revertido em maiores proporções...”
O enredo é bem elaborado e a história descrita com riqueza de detalhes – tanto no que diz respeito aos acontecimentos, quanto ao impacto destes no universo emocional de Vanessa. “A maioria das pessoas vive como se nunca fossem morrer, e esquecem que a verdadeira felicidade está no amor. Os prazeres vão e os que ficam em nossas vidas, são aqueles que verdadeiramente nos amam.”
O processo de amadurecimento da adolescente transcorre à medida que aumentam os seus círculos de amizades e de conhecidos. Estes acrescem elementos que vão forjar a sua compreensão de mundo – inclusive no plano do metafísico.
“– Então foi real? Estive mesmo dentro de minha estrela?
– A realidade tem a ver com o que acreditamos. Se acreditarmos que o mar se solidifica nossa fé o fará solidificar-se... Nosso mundo é o resultado do nosso querer e das criações de nossos pensamentos. Nada acontece em nossas vidas que não tenhamos criados no fundo de nossa mente.”
O amor tem espaço na trama.
“Ela tomou minha mão e a beijou, depois prosseguiu.
– Gostar é se sentir bem com alguém, ficar feliz quando essa pessoa nos agrada e nos dá algum presente, é prazeroso estar com a pessoa até que algo aconteça e nos afasta, sem deixar muitas cicatrizes. Agora, amar Vanessa, esse é o sublime da vida. É você nem precisar estar com a pessoa para sentir a sua presença, é olhar para o horizonte e ver a imagem dela lá no fundo, seu coração bater só de ouvir a sua fala. Se você ama, você não tem ciúmes porque tudo que a pessoa amada fizer está certo, e se ela por ventura lhe deixar, você lhe desculpa e diz que a culpa é sua de não saber lhe fazer feliz. Amar é abnegar, é viver pelo outro sem cobranças e com respeito. Porque quem ama de verdade não é possessivo e nem trai.
E vovó parou com o olhar perdido na parede com pintura gasta da peça multiuso e finalizou:
– Amar Vanessa, é viver pelo outro.”
Trama esta que também é pontuada pela violência, pela crueldade...
“Cada vez mais descubro que as pessoas podem ser cruéis quando dizem amar. Mas o verdadeiro amor não é feito de renúncias e dedicação?”
...pela dor, pela morte...
“ – Não se esqueça de uma coisa, minha filha.
– Sim, vovô?
– Na vida, muitas das coisas que acontecem fazem a gente querer desistir. A desistência às vezes é inevitável. Como agora, por exemplo, estou desistindo de viver. Não porque eu queira. Mas porque é preciso. Minha hora está chegando.”
...mas também pela felicidade e pela elevação. O romance termina exatamente um ano depois de iniciado – no dia em que Vanessa completa dezoito anos. Paola Rhoden descreve ao longo de 270 páginas as minúcias desse ano rico em acontecimentos e aprendizados na vida da adolescente.
“ – Quando as pessoas estão acostumadas com alguma coisa porque a vêem todos os dias, deixam de ver o óbvio. É assim também com a vida, se somos felizes sempre, não damos valor a essa felicidade. Só vamos valorizar quando perdemos. Por isso, minha querida! Volte seu olhar para esse mar de águas brilhantes, feche seus olhos e aprecie apenas com os olhos da alma...”
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A Bahia de outrora de Miriam de Sales Oliveira, editado em 2010 pela Via Litterarum Editora, 142 pag.
Miriam brinda o leitor com os seus ‘causos’ dos tempos idos lá pela Bahia de Todos os Santos, com esmero histórico e um pouco de humor, alternando do século XVIII ao XXI com a facilidade de seu verbo corrente e fácil, dando graça e vida aos personagens.
Inicia com o ‘Manual para entender os baianos’ onde se conhece a versátil receptividade daquele povo sorridente e hospitaleiro. “A casa do baiano está sempre aberta, o convite para o almoço sempre de pé...”, porque “não vale querer ser a pessoa mais rica do cemitério”. ‘Mão de vaca’ é o que o Baiano não é.
A descrição dos costumes e crenças entremeada de fatos um tanto hilários, mostra que o Brasil iniciou mesmo lá, nos costados desta terra de gente alegre e chegada a festas. Festa de São João, São Pedro, São Cosme e Damião, Yemanjá a Rainha das Águas, a Lavagem dos Degraus da Igreja do Senhor do Bonfim, casamentos monumentais e tantas outras.
“Chegou, chegou, chegou...Afinal que o dia dela chegou. A velha Bahia está em festa. Mas pensando bem, qual é o dia que não é de festa nesta terra de São Salvador e de todos os orixás?”
Da história aos preceitos alimentares dos terreiros, das orações às receitas de acarajé e caruru, Miriam envolve o leitor num relato gostoso que leva o pensamento até as ruas e ladeiras da antiga Capital do Brasil, que até hoje conserva os resíduos de uma civilização que remete às grandes saudades.
Livro recomendado para todas as idades pela facilidade de entendimento e captação das mensagens.
(Paola Rhoden - 2010)
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A Bahia de outrora de Miriam de Sales Oliveira, editado em 2010 pela Via Litterarum Editora, 142 pag.
Miriam brinda o leitor com os seus ‘causos’ dos tempos idos lá pela Bahia de Todos os Santos, com esmero histórico e um pouco de humor, alternando do século XVIII ao XXI com a facilidade de seu verbo corrente e fácil, dando graça e vida aos personagens.
Inicia com o ‘Manual para entender os baianos’ onde se conhece a versátil receptividade daquele povo sorridente e hospitaleiro. “A casa do baiano está sempre aberta, o convite para o almoço sempre de pé...”, porque “não vale querer ser a pessoa mais rica do cemitério”. ‘Mão de vaca’ é o que o Baiano não é.
A descrição dos costumes e crenças entremeada de fatos um tanto hilários, mostra que o Brasil iniciou mesmo lá, nos costados desta terra de gente alegre e chegada a festas. Festa de São João, São Pedro, São Cosme e Damião, Yemanjá a Rainha das Águas, a Lavagem dos Degraus da Igreja do Senhor do Bonfim, casamentos monumentais e tantas outras.
“Chegou, chegou, chegou...Afinal que o dia dela chegou. A velha Bahia está em festa. Mas pensando bem, qual é o dia que não é de festa nesta terra de São Salvador e de todos os orixás?”
Da história aos preceitos alimentares dos terreiros, das orações às receitas de acarajé e caruru, Miriam envolve o leitor num relato gostoso que leva o pensamento até as ruas e ladeiras da antiga Capital do Brasil, que até hoje conserva os resíduos de uma civilização que remete às grandes saudades.
Livro recomendado para todas as idades pela facilidade de entendimento e captação das mensagens.
(Paola Rhoden - 2010)
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Resenha do Conto: Um último trago do autor Borboleta, que faz parte do Livro Pára-Raio de Loucos.
Uma lembrança leva o ser humano a fazer coisas diferentes ou estranhas a sua vontade, ou, muitas vezes, o que está guardado no íntimo com medo de fazer novamente, como o personagem do conto do escritor Fábio Amorim de Matos Júnior, cognome literário Borboleta. Lembrança de um amor ido que iniciou e se pautou pela vida afora no cigarro e na bebida. Como disse o personagem – Aliás, confesso que sempre gostei dessa sensação. Não tanto pelo motivo que muitos suporiam: pela con¬seqüente repulsa que me advinha da vontade de voltar a fumar – porque o romance teve início com um cigarro regado ao Martini, e com a fumaça de um deles se findou. Sabe-se que a vontade é soberana na maioria das vezes, e por essa soberania deixa-se ou não de se fazer algo. Neste caso, o homem subjugado pelas lembranças da vida que o acorrentou a um amor verdadeiro e forte, cismando com o sofrer da companheira derrubada pela nicotina, fica triste e feliz ao mesmo tempo por poder dar à filha a sequência da vida que achava boa junto com a mulher que lhe deu carinho e afeto. Mesmo vendo-a definhar. Assim acontece pela vida, onde muitas vezes o verdadeiro amor fala mais alto deixando marcas que podem influenciar no destino dos que dele provaram.
(Paola Rhoden - 2010)
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XERXES, Jorge. As Cinquenta Primeiras Criaturas. Multifoco, Rio de Janeiro, 2010.
Jorge nasceu em São João da Boa Vista no Estrado de São Paulo. Interessa-se pelas coisas que passam despercebidas pelos demais. Escritor dedicado à prosa e verso.
O livro ‘As Cinquenta Primeiras Criaturas’ de Jorge transporta o leitor da poesia a um conto com tanta naturalidade, que não deixa o pensamento extraviar-se pelos meandros externos das mensagens ali transmitidas. É de leitura extremamente agradável. Um pouco de humor dá ao conteúdo uma leveza que ameniza a profundidade filosófica que se encontra em todos os temas ali expostos. Personagens que se tornam imprevisíveis no transcorrer da estória nos fazem rir ou emocionam. A versatilidade do escritor está presente do início ao fim da obra que considero de grande valor.
Paola Rhoden (2010)
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RESENHA
TAMBARA, Rackel F. F. Intervalo. Delphos. Porto alegre, 2000.
Rackel nasceu em São Gabriel da Palha no Espírito Santo. Escreveu para jornais com o pseudônimo de Golda Altermann. Hoje publica suas obras com seu nome real. Reside atualmente no rio Grande do Sul. Bacharel em Administração de Empresas; Certificação em: Gestão em Marketing, Gestão de Pessoas pelo INEPAD-UNB-DF; \Cronista dos jornais \\\"ATOS E FATOS\\\" no noroeste do RS; e \\\"CAPITAL DAS PRAIAS\\\"No litoral norte do RS. Poeta com livro publicado \\\"INTERVALO\\\". Blog: http://verboesubstantivo.blogspot.com/
As poesias de Rackel são pensamentos baseados nas coisas do transcorrer diário das pessoas, transformados em versos de leitura agradável pela sensibilidade da poetisa. Leitura recomendada para horas de lazer e descanso.
Paola Rhoden (2010)
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RESENHA
1. OBRA
BAUER, Adroaldo. O Dia do Descanso de Deus. Porto Alegre: Proletra, 2007, 104p.
Adroaldo Bauer é brasileiro, nascido no Piauí em 1952, mas morador no rio Grande do Sul desde 1953. É jornalista, escritor e poeta.
CONCLUSÕES DE ADROALDO SOBRE A OBRA:
“A primeira edição de 1 mil exemplares desse livro, impressa e lançada em 31 de maio de 2008, está esgotada. E se a produziu graças à solidariedade de algumas pessoas ao autor e, de algumas outras, às personagens que os cativaram já nos primeiros capítulos. Mesmo sem conhecer muito de Romão, Divina, Laurita, dos gêmeos ou da trama toda, aceitaram comprar exemplares da publicação ainda antes de impressos. É inegável que até uma edição de autor carece de ação associada e motivação coletiva com alguma aceitação geral. E também por isto sou grato a todas aquelas queridas pessoas pela estimulante adesão. E, nessa oportunidade em que se edita a formatação eletrônica da novela, agradeço também a tantas quantaspessoas leram, criticaram, comentaram, indicaram à leitura e conversaram comigo em ambientes públicos sobre o que leram e o que fiz.”
RESUMO
Nesta novela o autor brinda os leitores com uma estória passada em um ambiente do Rio Grande do Sul, situada em uma época onde as drogas ainda eram um comércio de poucos, e ainda se cultivavam os valores morais. Em torno de Romão, Alarico e Jesualdo, ‘os três mosqueteiros’ como os chamou o escritor, esta novela se desenrolou contando a tragédia da morte de Divina, irmã de Deusamari e Anabela, esfaqueada pelo filho do figurão da pequena cidade. Romão, esposo de Divina, sofreu por anos a fio até encontrar oportunidade de vingar sua amada. Domicio, o que matou a bela Divina, mãe de Laurita e dos três gêmeos, ajudado pelo pai safou-se da cadeia e formou-se médico. Após alguns anos encontrou Laurita, a filha de sua vítima, e se apaixonou. Desde criança Domicio foi portador de uma doença que não se encontrava cura. Quando lhe atacava perdia a noção dos seus atos e cometia absurdos, como matar. Por isso estuprou e matou Divina a facadas, ajudado por três amigos, também mortos afogados no Guaíba. Ele se achou culpado pela morte dos amigos, por ter sofrido uma alienação no volante quando fugiam do local do crime. Anos depois, no mesmo dia que morreu, matou um desconhecido, por medo de ser atacado por ele. O autor leva o leitor a um vai e vem de épocas e acontecimentos que se misturam, mas explicam o desenrolar da trama. Romão, quase uma lenda, escondido do mundo roendo sua tristeza enquanto esperava o momento certo de se vingar. Florzinha, a amiga da esposa morta, a única pessoa que sabia quem era o assassino, lhe contara em segredo o fato ouvido da moribunda, mas lhe pedira cautela. Assim fez. E só dez anos após o assassinato ele degolou com um golpe de navalha o algoz de sua bela Divina. Após a vingança, aproximou-se novamente dos filhos gêmeos e de Laurita, a filha mais velha, que ficara grávida do homem que matou sua mãe.
METODOLOGIA
O autor, escrevendo em um estilo literário de época, não dá muitos detalhes dos sítios onde se passa a estória, deixando ao leitor a gostosa incumbência de criação, sabendo-se apenas que fica entre o interior do Estado e a Capital.
Tema central: a morte de Divina, a vingança de Romão e a união dos três amigos de infância, sempre juntos a resolverem problemas.
A facilidade do autor em passar de um assunto a outro, entreverando passado, presente e futuro sem nenhuma cerimônia, mas dando continuidade ao tema.
Um texto policial disfarçado de romance, onde os amores aparecem acompanhados das tragédias e escaramuças dos crimes cometidos.
CONCLUSÃO
Esta não pretende ser uma resenha crítica acadêmica, apenas um relato sincero do parecer sobre a excelente obra de Adroaldo Bauer, escritor de uma sensibilidade extraordinária que colocou em ‘O dia do descanso de Deus’. Esta é uma estória em forma de novela que cativa desde o primeiro capítulo até o trigésimo oitavo. O epílogo arremata com uma surpresa apenas sutilmente desenhada em um momento da estória, que devido ao gratificante desenrolar quase passa despercebida. Recomendo este livro para todas as idades.
RESENHADO POR: Paola Rhoden. (2009)
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Uma saga, muitas vidas
JESUS, Valdeck Almeida de. Memorial do Inferno. A Saga da Família Almeida no Jardim do Éden. Giz Editorial, São Paulo, 2007.
Sobre o autor: Valdeck Almeida de Jesus, nasceu em Jequié na Bahia, em 15 de março de 1966. Cresceu e estudou no interior da Bahia, e transferiu-se para Salvador para trabalhar em órgão publico federal, onde vive até hoje.
Ler a história da família de Valdeck, contada nesse livro, nos faz vivenciar cada minuto dos fatos contados como se lá estivéssemos. A narração é clara e precisa.
Os fatos ocorridos com ele e seus irmãos pela falta de alimento, moradia e higiene, poderiam ter levado tantas crianças para os caminhos do submundo onde grassa a droga e o crime. No entanto deixam uma mensagem de valores que ainda existem, e podem servir de exemplo a tantas outras crianças com semelhantes viveres.
No transcorrer da história, em alguns trechos, pensa-se em um desfecho desagradável, mas logo adiante nota-se que a vida mesmo adversa, pode formar elementos positivos no pensamento das pessoas, e as leva para um caminho cheio de novas esperanças.
Esta história contada de forma tão singular, ora com humor, ora com grande emoção, prende o leitor de forma cativante. Como as peraltices dos meninos, que mesmo pedintes, achavam tempo e coragem para serem crianças. Ou da mãe, que entrevada e mendiga, não deixava os valores morais de lado, orientando os filhos para o caminho do bem e da honestidade.
Um dos trechos da narrativa que chama a atenção é a alusão à falta de ética nas escolas, onde ‘professores fingem ensinar e alunos fingem aprender’. Uma realidade brasileira.
Uma das mensagens que se tira da história, é que muitas coisas que acontecem na vida, parecem ser de tanta importância no ato do acontecimento, e que depois de muitos anos vai se notar que não foi tão importante assim. Que se pode seguir vivendo sem algo que parecia ser imprescindível.
Entre tantos livros lidos, este é um dos melhores em termos de autobiografia e história de uma saga. Criativo, de fácil leitura e que prende o leitor até o final sem cansar.
Pela autenticidade do autor e grande envolvimento social, essa obra pode ser lida por pessoas de todas as idades, inclusive em escolas, onde pode servir como um exemplo a jovens de todas as classes sociais.
Resenhista: Paola Rhoden (Brasilia-2008)
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