quinta-feira, 4 de junho de 2020


A juventude e a velhice


Entrei na loja de novidades e presentes naquela manhã fria e chuvosa, característica da região em algumas épocas do ano. Enquanto olhava os artigos expostos nas prateleiras, todos rigorosamente arrumados por tipo e qualidade, notei que uma senhora já com os anos bem adiantados, tentava chamar a atenção da vendedora no outro lado da loja. Continuei a olhar os objetos expostos, pois procurava uma caderneta de notas, com certo desenho na capa que minha filha de 10 anos se apaixonara ao ver a de uma amiga. E a senhora continuava a fazer ruídos com os dedos no balcão: toc, toc, toc, e nada da moça do outro lado da loja lhe dar atenção.  De repente a senhora, já um pouco nervosa, falou alto:
-  Moça! Quero pagar o lenço que peguei!
E a moça veio então com ar arrogante e mal educado:
- É claro que deve pagar se quiser levar! - falou com maus modos.
- Estou há vários minutos tentando chamar sua atenção, e você nem sequer olhou, quanto mais vir me atender - disse a senhora.
- Se quiser levar, pague e leve, mas deixe de perturbar!
A senhora então pagou o lenço e saiu, com a cabeça baixa e sem jeito, com os olhos tristes.
Quando ela saiu a moça falou:
- Não suporto esses velhos chatos! Chegam a cheirar mal!
Com o coração penalizado, olhei a senhora que saía da loja e pensei, hoje em dia, são poucas as pessoas que têm respeito por pessoas de idade. Os jovens pensam, em sua paixão pela vida, que se tornarão imunes ao tempo e que nunca envelhecerão, e assim pensando, tratam com o maior desrespeito àqueles que foram jovens como eles, mas que o passar do tempo lhes branqueou os cabelos e lhes deixou com passos lentos.
Será que os idosos incomodam tanto por viverem? Será que o mundo não está andando porque nascemos, vivemos, envelhecemos e morremos? A juventude de hoje deveria entender, que eles nasceram e estão caminhando para o mesmo patamar onde os idosos de hoje estão, e que, com certeza, sentirão a mesma dor quando seus filhos assim os tratarem, seguindo seu exemplo no desrespeito humano.
Hoje somos, amanhã não seremos mais.

quarta-feira, 3 de junho de 2020

Crenças humanas


O ser humano tem a tendência inata de crer em alguma coisa. Já na idade da pedra, quando a mente ainda reinava pelas obscuridades de um nascer, o homo já deixava pelas paredes das cavernas imagens do que considerava sagrado, na necessidade de sentir-se protegido. O mundo evoluiu, criaram-se religiões e crenças diversas, porque o íntimo do ser humano continuou a precisar de algo maior em que acreditar.
Aí surgem os que pretendem saber como fazer as pessoas a melhorar de vida, e oferecem livros de auto ajuda, amuletos os mais diversos e conselhos não solicitados.
Por falar em amuletos, uma ferradura atrás da porta, um lenço na janela, uma cruz pendurada no peito, um pé de coelho no molho de chaves. Ou quem sabe, um elefante na cozinha ou um pinguim na geladeira. Coisas da vida!
Mas, se deixarmos de trabalhar e lutar pela vida, veremos se o ‘segredo’ trará o que comer e o que vestir.