Sempre assim

Amar é...

Estar disponível 24 horas para cozinhar, passar, cuidar das crianças, fazer as compras do mês, da semana, de todo dia. Trabalhar fora, andar bem vestida mesmo ganhando pouco, cheirosa, disposta para sorrir mesmo com os olhos cheios de lágrimas. Correr sempre que alguém chamar, seja para ir ao cinema ou a um jantar, mesmo que sua vontade seja dormir para não mais acordar.  Não se importar que seu perfume acabou e que não dá para comprar outro. Ver suas amigas irem passar as férias bem longe, e você ter que ficar em casa porque o dinheiro acabou. Notar que mais um ano passou em seu calendário, e que você ainda não pode comprar o vestido que viu na vitrine o ano passado, e que ainda não vai comprá-lo. E após vinte anos de convivência, seu amor lhe troca por outra, vinte anos mais jovem.

A Terra e a Vida

A vida pode ser o que parece

E o que fazemos dela também.

Só o ser humano é responsável

Por tudo que acontece,

Mais ninguém.

A maneira

 como o planeta é tratado,

mostra o resultado,

nos acontecimentos diários.

Acontecimentos vários.

No sorrir das pessoas,

E na ave que voa.

Somos responsáveis,

Por todos os duráveis,

E perecíveis, que somos nós.

Devemos pensar,

não somos sós.

Por isso e pelo global,

Cabe a todos que vivem,

A felicidade geral.

Onde você está?

Disseram que o mal, não dura,

Dia feliz eu que faço.

Mas, dor no peito perdura,

E o coração em pedaços.

Disseram que em algum lugar,

Tem alguém a me esperar,

Alguém, assim como eu,

Procurando o que perdeu!

Será, que posso pensar,

Que um sol novo nascerá?

Mesmo estando no limiar,

Sem saber onde andará?

Pensamento

Enquanto existir a bondade da alma nas pessoas, a esperança permanece intacta.

Gostaria, mas...

Gostaria de poder tomar vinho,

como tomo suco e leite quentinho,

em uns copos bem grandes e bem cheios.

Mas posso cair e aí fazer feio.

Gostaria de poder comprar roupas,

como compro pão, em todos os dias.

Mas, aí a conta no banco estoura.

E a carteira pode ficar vazia.

Gostaria de comer toda hora,

como o trabalho diário que faço.

Mas aí posso ocupar muito espaço.

E ter saudade do que sou agora.

Gostaria de ter muitos amigos,

como tenho poucos e verdadeiros,

Mas, não vou saber de seus paradeiros.

E não ter saudade, sei, não consigo.

Gostaria de poder ter alguém,

Que pudesse ficar sempre a meu lado,

como se fosse um Anjo guardador.

Aí também pode morrer o amor.

Assim, com tantos "mas" em minha vida,

Vou deixar tudo correr bem a farta,

E ver no que dá os querer da lida,

Já que é este mundo, quem nos dá as cartas.

Rede Sem Fronteiras

Sou o que penso

Sou a cor do vento
Sou o som das folhas
Voo como as bolhas de sabão
Alcanço as nuvens com as mãos
Transformo em risos o momento
Em luz transformo todas as escolhas
Do insensato coração sofrido
Vertendo em chuva sonhos coloridos
Bailando em mares verdes de emoção
Traduzo em tempo os cálidos sorrisos
Derramo em pétalas os tempos idos
Faço do choro uma doce canção
Esqueço os passos nas curvas da estrada
Soletro a grama em sombra desfolhada
De árvores dormentes secas pelo estio
Sonhando alto os verdes perdidos
Soluço o canto que derrama o frio
Em cinzentas dobras da ação esperada
Faço aconchego de suave esperança
Frouxos acordes que transformo em dança
Dando algum sentido a esta vida chorada

A Brisa e a Poesia

As folhas do meu jardim,

Nesta brisa brincalhona,

Agitam suavemente.

Prestando atenção eu vi,

Em todos os movimentos

Uma mensagem veemente

Enviada ao coração.

Vai vibrando docemente,

Ao trinar do bem-te-vi.

Pensamento vem à mão

Se focando pela mente

Do poeta brincalhão.

Crescendo a grama acontece,

O assobio do vento oeste,

Trazendo a chuva faceira,

Que em pingos macios semeia

A vida do verde em mim,

Cantando pra luz do leste,

As flores do meu jardim.

João de Barro

Vi na árvore uma casinha

Com engenho fabricada

Entre os galhos bem firmada

Com o barro e umas folhinhas

João de Barro e namorada

Ocupados na montagem

Já percebem na aragem

A chuva que vai chegar

A casa tem que estar pronta

Os trovões fazem-se ouvir

E os filhotes que virão

Precisam se aconchegar

As pessoas quando passam

Alegres, riso bem alto

Pois canto de João de Barro

É o fim de estio no planalto

Chuva cai, o pó se vai

João de Barro e companheira

Olham da janela as bicas

Que rolam pela paineira

E o candango atarefado

Deixa de lado a secura

Olha o céu enfarruscado

Com alegria e ternura

Chuva tem dias contados

Mas enquanto ela aí está

Se esquece os dias de estio

Que só pro ano virá

Dor do amor

Quantas vezes o cimento do amor

 é feito com argamassa de segunda,

e não cola,

fica esfarelando pelas frestas dos dedos,

construindo a solidão.

Nosso querer some com a dor,

e a saudade vagabunda,

esfola,

ficam nas noites os medos,

que adormecem o coração.

A vida foi, eu fiquei

Compreendi,

Que não preciso ter pressa,

Já vivi.

E tudo que a todos estressa,

Para mim, já passou.

E a nuvem que levou

O sol a escurecer,

Fez-me o sentido saber,

De uma vida, que eu não sabia,

Que por aí existia,

E nela eu nunca entrei.

Só porque a outros doei

Meu tempo e toda vontade,

De ser gente de verdade.

Foi por isso que pensei:

De hoje em diante,

Faço meu tempo sozinha.

Ouço rádio, tomo um chá com a vizinha,

Não tenho mais hora certa,

Vago por elas incerta

Para chegar ou sair,

Nem penso mais, se ao voltar,

Tem alguém a me esperar.

Faço agora as coisas, como pensei

Um dia poder fazer,

Porque a vida foi, e eu fiquei.

O que Deus quis dizer?

O  que Deus quis nos dizer,

Quando fez a humanidade,

Diferentes uns dos outros

Na forma de aparecer?

Uns são altos, outros baixos,

Claro, escuro e amarelo,

Não existe bem igual,

Nem no espaço paralelo.

Nem no modo de falar,

São tantos esses idiomas,

Dialetos, tantos mais,

que se perde no pensar.

Se à imagem Dele, sou feita,

Quantos dEle haverá?