sexta-feira, 31 de julho de 2020

Caminhos únicos

(versos hendecassílabos)

Este mar, devolve aos olhos de quem passa,
ofuscante azul de um infinito prata,
nesta imensidão que só iguala a massa,
às vezes dá vida, outras vezes mata.

Dos que aqui circulam, no andar incessante,
procurando um sopro do vento que traz,
o som do murmúrio de uma voz distante,
e que neste andar, a diferença faz.

Tristeza à procura de uma luz vivida
na corrida insana, em luta pelo sonho,
que por algum descuido, alguém sonhou,
faz valer a pena a faina dividida.

Sendo secular este correr o mundo,
umas vezes fértil, outras infecundo,
desses que caminham pela mesma estrada,
por onde toda esta humanidade andou.

E guardo comigo, mais esta esperança,
cada renascer de uma primavera,
espero não ser somente uma quimera,
do mundo ser salvo por nossas crianças,

Sabemos que o mundo é feito por nós,
mas nos esquecemos de o construir,
vamos nos perdendo nos contras e prós,
num andar silente deste e vir.

Nada vale a pena se for desistir.

quinta-feira, 30 de julho de 2020

Desejos

(versos em eneassílabo)

Eternos são, alguns pensamentos,
que me surgem ao passar ao largo,
perenes são, aqueles momentos,
que alguma dor deu sabor amargo.

Lúcidos são, os desejos fortes,
amarram a alma, com muitos nós,
trancam sorrisos, tirando a sorte,
mudam eus, em esquecidos vós.

Falsos passos, seguem outros passos,
procura um mundo inatingível,
persegue o som de um outro espaço,
quimera essa, sempre falível.

Como sozinha cansei de andar,
Busco asas pra poder voar.

quarta-feira, 29 de julho de 2020

Momentos que acontecem



Em alguns momentos somos pequenos,

não porque alguém nos faça assim,

mas porque deixamos que assim pareça.

Em outros momentos somos grandes,

porque fazemos nossos pensamentos acontecerem

de uma forma maior, e o esperado aconteça.

Deixemos nosso interior

manipular o exterior,

e então seremos tudo aquilo que podemos ser,

grandes ou pequenos,

conforme nossa vontade possa querer.

Nada acontece, se não deixarmos acontecer.




terça-feira, 28 de julho de 2020

Crônica


Mamãe

( Escrito em 07/04/2009)


Minha mãe viveu para sua família.
Lembro dela o dia todo trabalhando, correndo para dar o que era preciso para sete filhos, todos ali em suas saias a choramingar.
Grande dama! Pequena na estatura, mas enorme na grandeza de caráter. Feminina, vaidosa, alegre na hora certa, triste com a tristeza de quem amava.
O bolo cheiroso saindo do forno, a vara de marmelo no momento certo. Sorriso sempre pronto.
A ajuda na necessidade de um trabalho de escola quando alguém lhe pedia. Muito severa na disciplina necessária.

Mamãe! Você se foi!

Não mais seu sorriso na porta de saída na hora de ir pra festa. Não mais seu cheiro de alfazema na roupa sempre lavada com carinho. Não mais, tanta coisa!
Lá do fundo daquele campo santo, sua foto!
Agora fica aquela esperança, de quando subo a escada, ouvir sua voz:

- Filha! Você está bem?

Mamãe! Que saudade!







segunda-feira, 27 de julho de 2020

Prosa poética

Sou como um vaso que no transcorrer do tempo perdeu o brilho, porque ficou cheio de coisas ali colocadas, por pessoas que não entenderam a finalidade a que foi criado. Fica agora em um canto da sala esquecido, pois deixou de ter utilidade só porque ficou velho e sem cor, a espera apenas do descarte natural do tempo.

domingo, 26 de julho de 2020

Texto escrito em 10 de maio de 1998



O dia nasceu lindo. Um céu azul de doer os olhos. Num dia assim não deveria acontecer nada de ruim.

Mas, a natureza não é generosa em tudo, algumas vezes ela se torna o carrasco de nossos sentimentos, de nossos passos e de nossas vidas.

O telefone toca. Atendo. 

Repentinamente o céu escureceu e a luz sumiu, embora na natureza tudo estivesse igual. 
Minha mãe foi chamada por nosso Pai do Céu, para ocupar seu lugar no espaço imenso e eterno.

Um dia voltarei a perceber o brilho do sol e o azul do céu.

Hoje não. 




sexta-feira, 24 de julho de 2020

Poetar de verdade



Houve um poeta um dia

Que disse:

"rimar ficou no tempo".

Penso, porém, que rimar,

tem o som do vento

e do mar.

Não vou chorar pelas rimas,

que somem ao sabor da brisa,

porém a poesia precisa,

de música ao recitar,

e penso,

só assim é poetar!

quinta-feira, 23 de julho de 2020

Tristeza


Me perguntaram porque sou triste


Acho que a tristeza existe,

no interior de cada um,

porque reflete no olhar,

o brilho daquela lágrima,

que não caiu, e insiste,

não ser de lugar algum.

Ao longe um sino a tocar,

sufoca o grito da alma,

que escondido não saiu.

Penso que sou triste assim,

não por escolha ou querer,

mas porque assim me fizeram,

e eu não pude chorar.

A lágrima reprimida,

deixou o olhar brilhante,

de uma alegria que foi,

e o pensamento desiste,

guarda o riso pra depois.

quarta-feira, 22 de julho de 2020

O som da saudade


Ando pelas ruas,

dedilhando valsas ao vento,

pousando o olhar pelas nuvens,

colhendo as flores tão nuas,

tirando do sol a ferrugem.


Dobro esquinas de saudade,

falo com os passarinhos,

tiro as pedras do caminho,

buscando a minha verdade.


Soluço versos pensados,

e não pensados também,

refaço rimas antigas,

com letras minhas amigas,

pensando sempre em alguém.


Andando pelo relvado,

faço minhas escolhas,

sentindo o cheiro das folhas,

sonhando um verde dourado.


Caminho só pela vida,

à procura do que fazer,

seguindo a sombra perdida,

colho a vida por lazer,

em sons há muito tocados.

terça-feira, 21 de julho de 2020

Como a Fênix



Em cálidos rumos eu sigo só,

Sem ter muita dor e nem tanta fé,

Largos sorrisos, ou choros convulsos,

Fazem esta lama virar em pó,

Debaixo dos passos que dão meus pés,

Andando céleres com meu impulso.



Missão cumprida, procuro alguns galhos,

numa alta pira, bem encaixilhados,

Asas cansadas do lutar constante,

Ardendo nas chamas fica em frangalhos,

Consumindo assim todo o cansaço,

Renasço das cinzas em outro instante.



E como a Fênix alço outro voo

Cantando ao sol sigo pra outro espaço.

segunda-feira, 20 de julho de 2020

Sonhos | Por Paola Rhoden [HD 5.1]

Indriso heptassílabo


Aprendendo ao caminhar



Passeando na calçada,

As pedras duras do chão,

Ressoam uma lição .

Aprendo ao dar as passadas,

Que tenho no andar da vida,

E mesmo sem ser querida,


O dever de ter amor,


A quem a mim dá valor.

domingo, 19 de julho de 2020

Sem destino

Entre os sóis que queimam algumas almas frias,
neste mar de ilusões que se espalham nuas,
o andar fica muito lento e sem destino,
pairando saudades, sons sem alegrias, 
a esperança deixa a vida em desatino,
e as verdades serão sempre muito cruas.

Divagando



Quem dera o vento fosse lúcido,
e as flores conversassem menos.
O sol não gritasse ardentes faíscas em meu interior,
poderia, então, quem sabe,
retornar ao mundo de onde vim,
colocar meus sonhos na janela,
sorrir para o beija flor,
olhar a rosa que se abre no sussurro que é só dela,
pois a esperança que fugiu sem medo,
de deixar minha alma empobrecida assim,
nunca mais voltou ao ninho úmido,
deste coração amarrotado de segredos.
Aqui, a presença do silencio invade,
chega de mansinho e fica ao meu redor,
esta saudade.