terça-feira, 29 de setembro de 2020

Sem pressa

(Poema escrito em 2007)


Estou indo,

Para um lugar no meio do nada,

onde as sombras escondam, o meu sofrer.

Talvez o sol no horizonte dourado,

me deixe encantada,

e não vou mais pensar,

no que pode acontecer.

A chuva caindo,

deixa o solo molhado,

nem tanto por eu ter chorado,

mas, porque a vida deixou de sorrir.

Estou sem pressa.

Vou nessa,

tentar, sem saber se vou conseguir.

segunda-feira, 28 de setembro de 2020

Um não

(Poema escrito em 2016 )


Um não aos que se  arvoram em deuses,

que por contraste se instalam em pedestais,

se omitem nas carências dos que sofrem,

dos que morrem nas mãos de malfeitores,

sem ter uma mão para socorrer.

Um não a esses pseudos benfeitores,

que se dizem protetores,

dos que neles creem.

É absolutamente necessário,

que pessoas do bem se instalem,

e resolvam dar um basta nas maldades,

que por aí crassa aos borbotões,

fazendo vítimas nas drogas,

no transito,

nas casas,

nas praças e jardins.

Triste é o sangue que jorra das feridas,

dos que agem em defesa do cidadão.

Triste é saber que os que defendem a justiça,

são por ela traídos,

dilacerados nos direitos,

que não lhes são mais garantidos.

Um não à violência,

aos despudores,

aos sem lei.

Um não às páginas de sangue,

escritas por mãos traiçoeiras,

mãos que matam, que drogam,

e que fazem o sol escurecer.


domingo, 27 de setembro de 2020

Um caramanchão na praça

 



Um caramanchão na praça,

Envolto de céu azul,

E as flores se entrelaçam,

Com ventos que vem do Sul.

sábado, 26 de setembro de 2020

Sorrir

Algumas pessoas me perguntam porque estou sempre sorrindo.
Acho que a vida é algo para levarmos em consideração. Por isso, não procuro maldade nas pessoas, não olho para o lado feio das coisas, agradeço a Deus todos os dias por todos os pequenos ou grandes acontecimentos, que fazem os momentos do meu viver neste planeta, serem especiais.
Me afasto de pessoas que querem me prejudicar, e tento entender, a meu modo, tudo o que acontece. Não vejo motivo para me precipitar nas decisões, para que menos erros aconteçam. Pois percebi, que os erros cometidos por decisões apressadas, são muito difíceis de consertar, ou impossíveis.
Não existe uma regra para sorrir sempre, apenas sorrir, pois sei que terei um sorriso de volta.

sexta-feira, 25 de setembro de 2020

Ser feliz


A felicidade depende apenas de minha própria decisão. Se está frio, agradeço por poder usar aquele casaco que há muito não usava. Se faz calor, agradeço e uso aquele vestido florido e bonito, pois acho que me fica tão bem. Se chove, agradeço pelo verde e pelas flores que exuberantes exalam o perfume da alegria. Se faz seca, agradeço pelo céu azul que deixa meus olhos e minha alma lavados pela imensidão. 
Ser feliz depende apenas de mim, pois a natureza não me pede opinião, e coloca uma lua em plena tarde do cerrado central.

quinta-feira, 24 de setembro de 2020

Desesperança



Nos caminhos desta vida,

Tem tropeços que entristecem,

As pedras que me aborrecem,

E machucam os meus pés,

Às vezes fazem feridas,

Que nada pode curar,

Pois só o que faz sarar,

São coisas mal resolvidas,

Nas quais não tenho mais fé.

terça-feira, 22 de setembro de 2020

Saudade do que se foi

(Prosa poética escrita em 2006)

Ah! Saudade dos pés descalços na chuva de verão, saudade da grama endurecida pelo orvalho congelado no inverno, saudade dos outonos cheios de frutas no quintal, e das flores perfumando os jardins na primavera. Tudo isso ficou lá, tão distante, mas a memória trás de volta rapidinho, e deixa tão perto, que a realidade se mistura com os sonhos, e faz parecer estar vivendo tudo novamente.

segunda-feira, 21 de setembro de 2020

Desilusões


Deste céu desabam nuvens,

Com as cores da saudade,

E os sons da desesperança.

Recordação de criança,

Alcançando com as mãos,

Estas cores de ferrugem,

Que mancham o coração,

Tirando toda vontade,

De ter novas esperanças,

Deixa a vida na metade.

domingo, 20 de setembro de 2020

Meio ambiente




Fazemos parte de um contexto, onde a finalidade de uns pode prejudicar a de outros. Vemos as árvores serem cortadas para enriquecer uns poucos, deixando uma imensa ferida aberta no seio de nosso chão, onde a natureza levará muitos anos para repor o desfalque.

Notamos que, poucas pessoas se preocupam com o que possa ficar no planeta para o futuro, que nessa ordem, poderá deixar de ser um planeta azul, para se tornar cinza. Nada repõe uma floresta secular colocada abaixo por mãos incautas. De nada adianta o grito triste da juriti assustada com o tombar de seu ninho. Fica no olvido o correr cansado do caititu sem lar. As águas escasseiam, o solo seca, os galhos ficam sem folhas e os pássaros sem aconchego. Ficamos a olhar esse mundo verde ruir, pensando até quando a natureza suportará tantos maus tratos.

Nas cidades, o lixo entulha ruas e parques, e os que por ali transitam fingem ignorar o mal em que pisam. A poluição do ar, pelo imenso fluxo de motores em combustão, fica denso e irrespirável. Os rios citadinos assoberbados pela grande massa de sujeira em seus leitos, quase sem nada de vida em seu seio, carregam para o mar o veneno que lhe intumesce o âmago, onde se mistura com o que lá já existe.

Florestas, águas doces e salgadas, saturadas pelo poder enorme do desleixo humano que em seu viver destrói o que de melhor a natureza tem, choram sua própria morte.

Quem sabe um dia, o grito daqueles que se preocupam com a vida na Terra, seja ouvido pelos que se fazem de moucos, e ainda haja tempo de salvar a vida nesse Planeta, ainda Azul.

sábado, 19 de setembro de 2020

Engrenagens do mundo



O mundo é uma grande máquina, onde as peças que o formam se encaixam perfeitamente nas engrenagens, cada qual em sua atividade específica. Essas peças somos nós, todos os seres do Universo, desde um grão de areia até a maior estrela em sua rota espetacular pelo Cosmos Infinito. 

Cada peça tem um propósito, com seu lugar definido no espaço, para que essa imensa maquina funcione corretamente. Por isso, cada um de nós, cada partícula existente tem seu propósito, ninguém funciona como peça sobressalente, todos tem seu devido lugar, exatamente onde precisamos estar.

 Nada existe por acaso.

sexta-feira, 18 de setembro de 2020

Pensar antes


Pensar antes de falar. Pensar antes de escrever. Pensar, analisar, ver se está correto.

Vejo, na internet, pessoas escrevendo alguns versos estranhos, e chamam de "soneto", "haicai", "poetrix", "trova", quando nem de perto se parecem com estas maravilhas criadas por poetas divinamente inspirados.

Todos somos livres para escrever ou fazer o que quisermos, pois vivemos em um mundo livre. 

Mas, não temos de modo algum, o direito de deturpar o que foi criado com capricho, por outro alguém. Não podemos nunca denominar algo que criamos, com o título do que já foi criado por outro.

Soneto é soneto, haicai é haicai, e por aí adiante.

Dói no coração ao ver um poema sem métrica, sem rima, sem ritmo, ser chamado de soneto.

O que é um soneto? O que é um haicai? O que é uma trova?

Seria bom estudar sobre isso, mas estudar com alguém que realmente saiba ensinar sobre.

Camões ou Machado de Assis, devem se virar no túmulo se puderem ver certas coisas postadas por aí.

quinta-feira, 17 de setembro de 2020

quarta-feira, 16 de setembro de 2020

Somos tudo ou nada somos

Somos fonte,

Como sóis que se põem no horizonte.

Somos água,

Que transforma em riso toda mágoa.

Somos Terra,

Que o Amor em nossa alma encerra.

Somos fogo,

Arde em chamas da vida este jogo.

Na verdade,

Somos nada, no som da saudade.

segunda-feira, 14 de setembro de 2020

De onde viemos?

(Mini crônica escrita em 23/12/2009)


Talvez um dia, nós humanos, precisemos voltar para o lugar de onde viemos, reunirmos-nos aos outros que por lá vivem, para os quais, os ETs somos nós. 

Afinal, se não tomarmos providências imediatas, esta nossa casa desabará, e quem sabe, os que lá estão poderão pensar em nos receber, mesmo sabendo que destruímos onde o Universo nos colocou.

Os esforços que despendemos para fazer de nosso verde apenas cinza, de nosso azul apenas lixo, poderíamos empregá-los para restaurar o que matamos. E acredito mesmo, que nem seria necessário tanto, se fosse agora.

Mas, será que o homem, considerado o mais inteligente dos seres vivos, poderia deixar a ganância de lado e pensar nos que aqui ficarão depois de nós?

Uma pergunta que só o amanhã nos responderá.

domingo, 13 de setembro de 2020

Inconsequencia humana

Crônica escrita em 06/01/2010)

Somos caminhantes por uma estrada, onde muitas esquinas se cruzam e nos fazem mudar o rumo. Algumas vezes porque queremos, outras, por necessidade. Deixamos coisas ou fatos dirigirem nossas vidas, sem muito pensar no que vai acontecer lá adiante.

O ser humano é mutante em seus sentimentos por natureza. Em um momento, quer insistentemente determinada coisa, no outro instante já muda seu querer. Basta um olhar e o querer já mudou. E isso se aplica em todos os setores da existência humana.

É difícil alguém dizer que está plenamente satisfeito com tudo que tem em sua vida. Sempre haverá alguma coisa que gostaria de mudar. E é este o motivo pelo qual o mundo muda, progride, desenvolve, ou fenece. É esta inconstância humana que faz as coisas acontecerem. Para o bem ou para o mal. Os casamentos, as separações, as grandes invenções, as guerras e quem sabe, destruir o planeta azul.

Não são poucas as vezes em que provocamos acontecimentos irreversíveis, como sujar o planeta e o espaço. Outras tantas vezes, criam-se coisas maravilhosas que nos são úteis pela vida afora.

Ah! Esse homo sapiens!

Vagando alheio por estradas estranhas, sem muito atentar pelas pegadas que deixa por esses caminhos, e as consequências de seus atos. Doa a quem doer, mesmo que venha atingir a si mesmo e aos seus.

sábado, 12 de setembro de 2020

O instante mágico


A correria urbana de minha vida levou quase todo o tempo que me foi colocado por Deus, para os afazeres ditos de sobrevivência. Porque se não trabalha, não come. Ditado mais certo que esse, impossível. Não faça nada, e espere para ver no que dá.
Mas, toda noite percebo que o dia passou, e embora tenha feito tanta coisa, na realidade parece que não fiz nada. Fico com a impressão que deixei passar o momento, mais uma vez, no qual eu poderia ter dado rumo a acontecimentos, onde possivelmente minha vida mudaria, e não soube reconhecer esse momento. Não soube reconhecer o instante que uma porta se abre, todos os dias, para orientar naquilo que possa fazer a diferença em meu caminho.
Será que as portas não se abrem porque não sabemos bater direito? Ou será que se fecham porque as muralhas impostas por nós mesmos tornam-se intransponíveis?

Perguntas que me faço todas as noites ao deitar, e às quais não consigo encontrar respostas satisfatórias.

Vida que foi mal passada a limpo, deixa vestígios no rascunho que fizemos dela. Por isso, se o rascunho ainda estiver disponível, é hora de ir atrás dele e tentar refazer a história. Apagar os momentos de raiva e rancor, tirar os diálogos que possam causar dupla interpretação, colocar mais asteriscos em fases que foram boas, para lembrar de detalhes que deixamos passar, e que seriam importantes para a felicidade estar presente. Usar a borracha sem dó em momentos de brigas e discussões, que possam ofuscar o brilho de uma vivência feliz. Tirar obstáculos como desconfiança, falta de respeito, intolerância, pois podem, com o tempo, se transformar em grandes pedras na estrada da vida.
Afinal, um rascunho pode ser alterado a todo momento. Mas depois do original pronto e passado adiante, não temos mais nada a fazer.
Acho que agora, vou procurar o rascunho da minha vida. Quem sabe ainda o encontre, e posso alterar aqueles lapsos que possam ter trazido os percalços por que passei, e quem sabe, ainda possa ser feliz.
E à noite em meu travesseiro, talvez eu encontre as respostas e as soluções para aqueles instantes que deixei passar sem perceber, e possa reconhecê-los para aproveitar os ensinamentos que possam trazer.

Porque no final das contas, só a mim pertence o meu futuro e a minha felicidade, e a ninguém mais.

sexta-feira, 11 de setembro de 2020

Meu amigo gay

(Escrito em 09/12/2009)


Meu amigo Eduard veio me visitar no dia de Ação de Graças. Ele mora em Nova York, mas todo mês de Novembro vem ao Brasil para umas férias. E lógico, me fazer uma visita. Eduardo, como nós o chamamos por aqui, é gay. Mas pense num cara bonito. Tem cinquenta anos, mas não aparenta, mesmo, essa idade. Parece ter no máximo trinta e cinco. Um metro e oitenta e dois de altura, espáduas largas de quem fez academia a vida toda. Olhos verdes, cabelos castanhos escuros e pele morena. Bem!!!

Quando ele chega em minha casa, a primeira coisa que fala é: ‘A sua academia está funcionando? Vamos para lá’.

A academia que ele se refere, é uma que fica bem ao lado do prédio em que moro. Não sou muito adepta, mas, vez por outra faço alguns exercícios de dança por lá. E por isso ele diz ‘a sua academia’.

No dia seguinte de sua chegada, levei meu amigo para uns exercícios. Ele é está conhecido dos atendentes, já que todos os anos é a mesma coisa. Mas conhecido só dos atendentes. O pessoal frequentador da academia, não o conhece. Embora, absolutamente assumido de sua situação homossexual, ele não tem nenhum trejeito gay. A hora que fomos para lá, entre 14 e 16h, há muito pouca frequência masculina. As salas estão sempre lotadas de mulheres, de todas as idades, que varia de 17 a 70 anos. Imagine entrar num recinto desses, um avantajado e singularmente lindo espécime de humano. Quase todos os aparelhos pararam de funcionar, e os olhares estavam totalmente voltados para o local onde caminhávamos, eu e Eduardo. Ele nem notou, ou fingiu não notar o frenesi que causou nas abismadas malhadoras de plantão.

Estávamos nos exercitando em aparelhos próximos às barras de alongamento. Então, era um tal de vai e vem de garotas de todas as espécies e idades, que iam até as barras para alongar, amarrar o tênis, ajustar as meias e fazer as coisas mais inusitadas. E lançavam aqueles olhares de ‘meu Deus que coisa linda’ para o meu amigo.

De vez em quando ele me olhava e dava um sorrisinho maroto e piscava o olho.

Ao final dos exercícios, nos dirigimos para o pagamento das horas dele, já que não era sócio. Pense na fila que se formou atrás de nós. Meninas mais jovens são afoitas e não escondem suas emoções, aí se ouviam suspiros, gritinhos e alusões a beijinhos. Confesso que até fiquei um tanto sem jeito. Mas ele, nem se dava por achado.

Depois de sairmos perguntei se era sempre assim nas academias que frequentava, ele disse que não, porque na cidade dele, ele era bem conhecido, e as frequentadoras sabiam de sua condição.

Mas aqui no Brasil, ninguém sabe de nada disso. E vá aonde for, ele chama a atenção do público feminino. E não sei porquê, do masculino também.

Mas também, vá ser bonito assim lá em Manhattan! Ora bolas!!!

quinta-feira, 10 de setembro de 2020

Medos


(Tetrassílabo escrito em janeiro de 2015)


Existem medos,

Que muito aos poucos,

Fazem demência,

Na insurgência,

Medrados lentos,

Se fazem loucos.

Grandes quimeras,

Surgem no espaço,

Vãs e sutis,

Porque quisera,

Doce regaço,

E não fuzis.

Medos presentes,

Abrem crateras,

Fazem estrago,

Naquelas mentes,

Nas quais pudera,

Se por ao largo.

quarta-feira, 9 de setembro de 2020

Os momentos que são mais

(Versos escritos em tetrassílabo em janeiro de 2015)


Um sol vibrante

Calor constante

Mais luz, mais cor,

Gente sonhando,

Com mais amor.


Chuva caindo,

Gente sorrindo,

Um chá da tarde.

Jovens cantando,

Fazendo alarde.


Alguns no mar,

A velejar.

Vidas à parte,

Estão tentando,

Viver é arte.


Sombra da árvore,

Frescor do mármore,

Mais união.

Vamos levando,

Doce verão.

terça-feira, 8 de setembro de 2020

Água, Terra e Ar

(Texto premiado em 2007 e encenado em algumas escolas no Paraná)


Água Terra e Ar



A Água olhava apreensiva para os lados, a Terra, sua Vizinha, estava toda suja e cheia de lixo. E o que era pior, o Ar, seu amigo, também estava sentindo-se mal pelas exalações que emanavam de tanta sujeira. Dona Água, cabisbaixa, andava de lá para cá, tentando achar um jeito de falar com Dona Terra e o Senhor Ar sobre o que fazer, pois havia um ser predador e irresponsável, o Homem, que não queria tomar conhecimento do mal que estava causando?

Bem! O jeito era fazer uma reunião com seus amigos Terra e Ar. Com um bilhete fez o convite para a reunião. Eram apenas três elementos, fácil de reunir. Seria uma reunião informal em sua casa.

No dia marcado, tentando se acomodar entre o lixo e a sujeira, lá estavam os três. A reunião iniciou com a palavra da Senhora Água:

- Amigos! Como vocês sabem, o nosso inimigo Homem, o maior predador de todos os tempos, está a cada dia nos matando lentamente. E o pior é que ele não percebe, que ao nos matar, ele também morre.

Com a mão levantada Dona Terra queria a palavra. Foi-lhe dada.

- Pois é! Nunca existiu nada mais destruidor que esse tal Homem. Já tivemos outros predadores, e que também por tentarem acabar conosco, destruíram a si próprios. Se não tomarmos providência estaremos em apuros, porque o Homem com sua poderosa inteligência sub-utilizada, está colocando todos os seres vivos em perigo.

Agora foi a vez do Senhor Ar pedir a palavra:

- Nunca estive tão preocupado! Mesmo que eu suba a uma grande altitude, o mau cheiro e a poluição estarão lá. 

E os três ficaram por longo tempo falando, articulando, tentando achar uma solução. Foi Dona Água quem sugeriu:

- Acho que devemos nos unir e dar um exemplo ao Bicho Homem do que pode lhe acontecer, se continuar assim.

- E que exemplo seria esse? - perguntou Dona Terra.

- Somos muito fortes em nossos elementos. Com a ajuda do Senhor Ar posso formar enormes ondas que destruirão tudo que existir em cima da Senhora Terra, carregando para muito longe o que estiver a meu alcance.

- E eu - disse o Senhor Ar - ainda posso acrescentar grandes vendavais que arrasarão as cidades e tudo o que nelas existir.

- E eu - falou a Senhora Terra - posso abrir minhas entranhas e lançar fogo e lava sobre imensas áreas destruindo tudo em meu caminho.

- Confesso que seria deveras destruidor tudo isso. - falou Dona Água pensativa.

- É mesmo! - disse Dona Terra já sem muito entusiasmo.

- Mas que dá vontade, dá mesmo, de fazer tudo isso. - disse o Senhor Ar, afinal o Homem não pensa em nós quando tenta nos destruir com seus desmandos.

- Estou ficando cada vez mais suja - disse Dona Água - a vida que havia em abundância em meu seio já está diminuindo assustadoramente. Grande quantidade de peixes e animaizinhos que dependiam de minha limpidez para viver, hoje já não existe mais. Dia a dia morrem centenas deles. Fico triste porque, quanto mais trabalho para me limpar, mais coisas são jogadas nos rios e mares, e não posso fazer nada! Vocês viram os plásticos? Nada os destrói, e animais, de toda espécie, morrem por causa deles.

- Pois é! - falou a Senhora Terra - A mesma coisa acontece comigo. Uns sem número de seres que viviam felizes em meus bosques e matas, desapareceram. Sem contar que o verde tão necessário quanto a Senhora Água e o Senhor Ar, está ficando cada vez mais raro. Tudo é cortado para ganhar dinheiro, árvores lindas que levaram muitos anos para ficarem frondosas e elegantes, são jogadas ao chão e transformadas em montes de madeira. Tudo pela ganância e pela falta de respeito a nós, que tanto zelamos pela saúde de todos os seres vivos.

- Justamente! E nós, Água e Ar, estamos cada dia mais doentes sem poder cumprir com nossos deveres. - falou o Senhor Ar.

- Isso mesmo! - concordou Dona Água.

- Mas precisamos fazer alguma coisa sem demora. E parece que o Bicho Homem só vai entender sofrendo. - falou a Senhora Terra.

- Já imaginou se deixarmos os humanos sem água? Seria uma vingança e tanto! - disse Dona Água.

- É! Seria! - falou o Senhor Ar - Mas os outros seres vivos que dependem da senhora para viver, que seria deles?

E por algum tempo ficaram os três a pensar.

- Já sei! - falou Dona Terra - Vamos chamar o Bicho Homem e convencê-lo de seus erros.

E os três elementos saíram à procura do homem para conversar. Encontraram grande quantidade deles, todos atarefados em suas lidas, poluindo o ar com seus carros, fazendo enormes rolos de fumaça nas chaminés de suas fábricas, derrubando árvores e queimando campos, jogando toda espécie de lixo nas ruas e parques. Ficaram tristes com o que viram, mas corajosamente se aproximaram dos terríveis predadores. E com delicadeza falaram que não se deve sujar rios e mares, derrubar árvores e queimar florestas, usar venenos que matam e destroem animais e peixes, que o lixo não pode ser jogado nas ruas e campos. E o Homem, por ter uma inteligência muito grande, entendeu o recado dos três elementos, e desse dia em diante deixou de machucar a natureza, respeitando a Dona Água, a Senhora Terra e o Senhor Ar. E assim, o Planeta Terra deixou de pedir socorro, para viver feliz com os três elementos principais de sua Natureza, e em Paz com o Homem que deixou de ser predador para ser amigo e companheiro.

Água, Terra, Ar e Homem, unidos no abraço do poder de restauração da Natureza.





segunda-feira, 7 de setembro de 2020

Todo dia é da mulher

(Versos livres escritos em 2016)



Mulher, é algo para se pensar.

Não se ofende se o filho emburra,

Fica quieta se o marido a deprime,

Uma tonelada empurra,

Pra salvar o que é sublime.

Fica mandona,

Faz do seu dia uma maratona,

Desleixa o seu querer,

Se esquece de comer,

Se a família precisar.

Não tem dia, não tem hora,

Está sempre disponível,

Pra ela tudo é possível,

Quando seu filho chora.

Mulher é feita de aço,

Forte e cheia de luz,

Muito firme em que produz,

Mas derrete num abraço.

domingo, 6 de setembro de 2020

Nossa escolha

(Versos em heptassílabo escritos em 2008)


Somos água, somos Terra,

Em nosso peito se encerra,

Vezes mágoa ou Amor.

Temos luz no caminhar,

Ou, quem sabe escuridão,

Depende o nosso labor.

Escolha certa ou errada,

Somos só nós que fazemos,

Também só nós que podemos,

A nossa vida mudar.

sábado, 5 de setembro de 2020

Festa no jardim

(Versos em eneassílabo escritos em 2012)


Meu jardim à tarde, vira festa,

Com todas as aves do planalto,

parecendo até uma floresta.

Os tesoureiros cortando ares,

pelo céu azul voam aos pares.

João de barro, com seu trino alto,

lá bem no copado da paineira, 

chama alegre, sua companheira.

Asa branca voando bem baixo, 

vai em busca d'água na biquinha,

sem olhar a tarde que avizinha.

Quero-quero fica martelando,

assustando a garça passeando.

Sabiá encanta sua mágoa,

e o Rouxinol chama sua amada.

E um Beija flor muito ligeirinho, 

visita as plantas, que estão em flor,

são tantas flores, não faz faz mais nada.

Uma beleza essa revoada, 

do verde e lindo Periquitinho.

Na galhada verde do ipê,  

a Rolinha alegre faz seu ninho.

Canário canta, lá no coqueiro,

o anu preto voa ligeiro.

O Chopim, um cara deslavado, 

ocupando a casa do vizinho.

Andorinha, toda alvoraçada, 

faz alegre sua revoada,

curtindo feliz o seu verão.

E o Carcará, muito traiçoeiro,

espreita, no alto do Pinheiro,

algo para sua refeição.

E a borboleta, indiferente,

ora voa alto, ora baixo, 

e deixa o jardim mais vibrante.

Essa faina tão alvoraçada, 

alegra os olhos e o coração.

Fico a pensar, onde aí me encaixo

faço parte dessa criação.


sexta-feira, 4 de setembro de 2020

O Sertanejo





(Letra de uma música escrita em 1978)


O Sertanejo,

Mora no meio da roça,

Numa pequena palhoça,

Perdida na grande mata,

E na tardinha pega a viola e ponteia,

Olhando a lua cheia,

Canta uma serenata.

E a cabocla, 

na janela contemplando, 

o seu amado cantando,

Tem vontade de chorar,

Pois ela sabe,

Que a voz que agora canta,

Não tinha nada na janta,

Para a fome matar.

A seca veio,

Queimando a sua roça,

Só ficou mesmo a palhoça,

Do caboclo altaneiro.

E na cidade,

Toda gente se esquece,

Nem mesmo faz uma prece

Pro caboclo brasileiro.


quinta-feira, 3 de setembro de 2020

No jardim



No jardim olho a  roseira,

vejo a rosa e o espinho,

Na beleza do viver.

A aranha tecedeira,

tem lá o mesmo pensar,

usa o espinho pra morar,

e a rosa pra se esconder.

quarta-feira, 2 de setembro de 2020

Amigos

(Versos em heptassílabo escritos em 2007)


Tenho amigos, muito poucos,

Mas guardo no coração.

Faço versos, meio loucos,

E ofereço com carinho,

A todos que no caminho,

Entrelaçamos a  mão.

Somos vento, somos água,

Nunca guardamos as mágoas,

Pois amizade é assim,

Viajar os mesmos sonhos,

Ora alegres, ou tristonhos,

Molhando o mesmo jardim,

Juntos na mesma oração.

Quadra em heptassílabos


Eu divido meus sucessos

Com as pessoas que estimo.

Mas, todos os meus fracassos,

Ficam calados comigo.


terça-feira, 1 de setembro de 2020

Só tenho saudade

(Versos livres escritos em 2016)


Daqui onde estou,

Por entre nesgas de céus que aparecem,

Nas nuvens escuras, 

e o sol há tempo apagou,

Vejo estrelas cintilarem saudades,

Bem antes das que por lá ensombrecem,

O tempo que replicou vaidades,

Terra minha que tão longe ficou.