terça-feira, 8 de setembro de 2020

Água, Terra e Ar

(Texto premiado em 2007 e encenado em algumas escolas no Paraná)


Água Terra e Ar



A Água olhava apreensiva para os lados, a Terra, sua Vizinha, estava toda suja e cheia de lixo. E o que era pior, o Ar, seu amigo, também estava sentindo-se mal pelas exalações que emanavam de tanta sujeira. Dona Água, cabisbaixa, andava de lá para cá, tentando achar um jeito de falar com Dona Terra e o Senhor Ar sobre o que fazer, pois havia um ser predador e irresponsável, o Homem, que não queria tomar conhecimento do mal que estava causando?

Bem! O jeito era fazer uma reunião com seus amigos Terra e Ar. Com um bilhete fez o convite para a reunião. Eram apenas três elementos, fácil de reunir. Seria uma reunião informal em sua casa.

No dia marcado, tentando se acomodar entre o lixo e a sujeira, lá estavam os três. A reunião iniciou com a palavra da Senhora Água:

- Amigos! Como vocês sabem, o nosso inimigo Homem, o maior predador de todos os tempos, está a cada dia nos matando lentamente. E o pior é que ele não percebe, que ao nos matar, ele também morre.

Com a mão levantada Dona Terra queria a palavra. Foi-lhe dada.

- Pois é! Nunca existiu nada mais destruidor que esse tal Homem. Já tivemos outros predadores, e que também por tentarem acabar conosco, destruíram a si próprios. Se não tomarmos providência estaremos em apuros, porque o Homem com sua poderosa inteligência sub-utilizada, está colocando todos os seres vivos em perigo.

Agora foi a vez do Senhor Ar pedir a palavra:

- Nunca estive tão preocupado! Mesmo que eu suba a uma grande altitude, o mau cheiro e a poluição estarão lá. 

E os três ficaram por longo tempo falando, articulando, tentando achar uma solução. Foi Dona Água quem sugeriu:

- Acho que devemos nos unir e dar um exemplo ao Bicho Homem do que pode lhe acontecer, se continuar assim.

- E que exemplo seria esse? - perguntou Dona Terra.

- Somos muito fortes em nossos elementos. Com a ajuda do Senhor Ar posso formar enormes ondas que destruirão tudo que existir em cima da Senhora Terra, carregando para muito longe o que estiver a meu alcance.

- E eu - disse o Senhor Ar - ainda posso acrescentar grandes vendavais que arrasarão as cidades e tudo o que nelas existir.

- E eu - falou a Senhora Terra - posso abrir minhas entranhas e lançar fogo e lava sobre imensas áreas destruindo tudo em meu caminho.

- Confesso que seria deveras destruidor tudo isso. - falou Dona Água pensativa.

- É mesmo! - disse Dona Terra já sem muito entusiasmo.

- Mas que dá vontade, dá mesmo, de fazer tudo isso. - disse o Senhor Ar, afinal o Homem não pensa em nós quando tenta nos destruir com seus desmandos.

- Estou ficando cada vez mais suja - disse Dona Água - a vida que havia em abundância em meu seio já está diminuindo assustadoramente. Grande quantidade de peixes e animaizinhos que dependiam de minha limpidez para viver, hoje já não existe mais. Dia a dia morrem centenas deles. Fico triste porque, quanto mais trabalho para me limpar, mais coisas são jogadas nos rios e mares, e não posso fazer nada! Vocês viram os plásticos? Nada os destrói, e animais, de toda espécie, morrem por causa deles.

- Pois é! - falou a Senhora Terra - A mesma coisa acontece comigo. Uns sem número de seres que viviam felizes em meus bosques e matas, desapareceram. Sem contar que o verde tão necessário quanto a Senhora Água e o Senhor Ar, está ficando cada vez mais raro. Tudo é cortado para ganhar dinheiro, árvores lindas que levaram muitos anos para ficarem frondosas e elegantes, são jogadas ao chão e transformadas em montes de madeira. Tudo pela ganância e pela falta de respeito a nós, que tanto zelamos pela saúde de todos os seres vivos.

- Justamente! E nós, Água e Ar, estamos cada dia mais doentes sem poder cumprir com nossos deveres. - falou o Senhor Ar.

- Isso mesmo! - concordou Dona Água.

- Mas precisamos fazer alguma coisa sem demora. E parece que o Bicho Homem só vai entender sofrendo. - falou a Senhora Terra.

- Já imaginou se deixarmos os humanos sem água? Seria uma vingança e tanto! - disse Dona Água.

- É! Seria! - falou o Senhor Ar - Mas os outros seres vivos que dependem da senhora para viver, que seria deles?

E por algum tempo ficaram os três a pensar.

- Já sei! - falou Dona Terra - Vamos chamar o Bicho Homem e convencê-lo de seus erros.

E os três elementos saíram à procura do homem para conversar. Encontraram grande quantidade deles, todos atarefados em suas lidas, poluindo o ar com seus carros, fazendo enormes rolos de fumaça nas chaminés de suas fábricas, derrubando árvores e queimando campos, jogando toda espécie de lixo nas ruas e parques. Ficaram tristes com o que viram, mas corajosamente se aproximaram dos terríveis predadores. E com delicadeza falaram que não se deve sujar rios e mares, derrubar árvores e queimar florestas, usar venenos que matam e destroem animais e peixes, que o lixo não pode ser jogado nas ruas e campos. E o Homem, por ter uma inteligência muito grande, entendeu o recado dos três elementos, e desse dia em diante deixou de machucar a natureza, respeitando a Dona Água, a Senhora Terra e o Senhor Ar. E assim, o Planeta Terra deixou de pedir socorro, para viver feliz com os três elementos principais de sua Natureza, e em Paz com o Homem que deixou de ser predador para ser amigo e companheiro.

Água, Terra, Ar e Homem, unidos no abraço do poder de restauração da Natureza.





Nenhum comentário: